E viva a hipocrisia natalina!Encontrada aqui.
Ando meio borboleta e meio lagarta. Inundada de anseio por mudanças e desejo de raízes. Submersa em águas, mas a ponto de observar a luz que adentra esta manhã. Ontem chovia, meus pés encontravam-se alagados, quase paralisados. Hoje, logo acordei, e lá estava você, com seus braços abertos a me esperar. Seu sorriso sútil chamava-me à uma caminhada. Dispensei a carona e resolvi aceitar sua companhia. Ela me contou acerca de primaveras e verões. Mar, abraços e saudades. E foi assim, em cada palavra, você paulatinamente adentrava à atmosfera do dia. Irradiando luz, e me pedindo apenas para observá-lo, permitindo que o vento jogasse meus cabelos em meu rosto, alimentando-me com doses de alegria. Para comemorar nosso encontro, resolvi fazer coisas diferentes, permitir-me. Dei alimento à minha alma, e o sabor é agridoce. Fiz mais, alimentei meus ouvidos. E o som, lateja aqui dentro. Agora, há o seu calor e a voz dele.
Quanto mais rápido é o ritmo, pior poderá ser o estrago. Seguindo essa lógica, meu coração empenha-se em afastar-se de expectativas. No entanto, são essas mesmas expectativas que nos impulsionam a viver, são elas que nos locomovem em todas as esferas do que denominamos vida.
Ser humano. Catástrofes. Forças midiáticas. Espécie. Atrocidades. Covardia. Tirania. Conterrâneos. Ditadura. Desigualdade. Sanguessuga. Família. Sanguinário. Euforia. Oprimidos. Sociedade. Coletivo. Apartheid. Bomba atômica. Humilhação. Extermínio. Nazismo. Fragilidade. Vulnerabilidade. Préconceito. Assassinato. Imposição. Animais. Irracionais. Humano. Soberania. Estimação. Infância. Pedofilia. Mulher. Violência. Espaço. Individualismo. Racional? Descartável?
Com os filósofos gregos, descobrimos que as indagações e a busca por respostas fazem parte do contexto humano, isto é, compreendemos que é um dos traços mais marcantes da natureza humana.
Desde que assisti ao filme Edukators no inicio desse ano, eu não havia tido o prazer de assistir nenhum outro filme que o superasse e, portanto, encontrava-me em pleno anseio por dois lançamentos que iriam ocorrer: Melancholia de Lars Von Trier e El piel que habito de Pedro Almodóvar.
Iniciei os primeiros rascunhos desta postagem no final do mês passado, mas a correria cotidiana tem me aprisionado e, portanto, falta-me tempo para dar o devido valor ao assunto. No entanto, ao ler o artigo Cultura de crises ou crise de cultura? do Doutorando Rafael, acabei me rendendo a esta velha discussão que permeia minhas reflexões: Cultura x Acesso.
Na esquina te encontrei, entre copos e buracos à sinuca de duas vidas. Pensei ser tarde, pensei estar resolvida, porém, a lua falou-me palavras de amor, e o tempo pregou-me peças que ainda não completaram o quebra cabeça. Era noite, o menino bonito de olhos de ressaca contava-me do velho. Enquanto ouvia-o sentia o odor agradável do novo. Paradoxo de um coração. Um abraço. A estrada. A estação. Meu sangue pulsando, minha mente distante, num longe quase conhecido. Numa saudade constante. Num querer outros olhos, outros sorrisos, o novo. Sim, é outubro. Sim, é primavera. Sim, é temporada das flores. No entanto, também das chuvas e de um inverno contínuo alojado em minha alma. Perguntas batem à porta e o que me resta é procurar por respostas. Contudo, as gavetas estão repletas de outras histórias, outras fotografias. São meros borrões. É o novo, mas ainda o velho... paradoxo de um coração...
Meus passos tem sido trôpegos. Lentamente o relógio canta tic tac. Seu ritmo é lento, uma harmonia bela, triste e sufocante. Paulatinamente dou passos em busca de uma paz que não é visível. Desisti de falsas esperanças de primavera. Necessariamente, vivo submersa em invernos gélidos. Não estou presente, porém, também não ausente. Ouvir é necessário. Refletir. O medo bate à porta e espreita-se entre espinhos alojados em minha alma. Há luz. Esta, encontra-se fraca, mas ainda é capaz de anunciar vida e consolar-me com seu calor. Os abraços e sorrisos daqueles a quem amo expressam o refúgio encontrado pelo meu ser. Confiar é preciso. O momento pede tempo ao próprio tempo. À escrita e às visitas. O voltar ainda não é certo, mas afinal, sempre estarei somente de passagem. A metanónia expande-se, e eis que uma nova borboleta surgirá. Ela menina. Ela, em busca de novos balões.
"Às vezes é preciso recolher-se. O coração não quer obedecer, mas alguma vez aquieta; a ansiedade tem pés ligeiros, mas alguma vez resolve sentar-se à beira dessas águas. Ficamos sem falar, sem pensar, sem agir. É um começo de sabedoria, e dói. Dói controlar o pensamento, dói abafar o sentimento, além de ser doloroso parece pobre, triste e sem sentido. Amar era tão infinitamente melhor; curtir quem hoje se ausenta era tão imensamente mais rico. Não queremos escutar essa lição da vida, amadurecer parece algo sombrio, definitivo e assustador. Mas às vezes aquietar-se e esperar que o amor do outro nos descubra nesta praia isolada é só o que nos resta. Entramos no casulo fabricado com tanta dificuldade, e ficamos quase sem sonhar. Quem nos vê nos julga alheados, quem já não nos escuta pensa que emudecemos para sempre, e a gente mesmo às vezes desconfia de que nunca mais será capaz de nada claro, alegre, feliz. Mas quem nos amou, se talvez nos amar ainda há de saber que se nossa essência é ambigüidade e mutação, este silencio é tanto uma máscara quanto foram, quem sabe, um dia os seus acenos."
Ouvimos diariamente as seguintes afirmações:
Eu sei que é apenas o início de uma semana e, sinceramente, uma segunda-feira não costuma me assustar. Paulatinamente, me empenhei em ir além do tempo gasto no trabalho, dar algumas voltas pela praça, e quem sabe, lá, encontrar alguma paz brotando dos jardins da "Liberdade". Mas era um querer pesado. Afinal, meu corpo ainda encontrava-se na desesperança do ontem. Enfim, aceitei o abrigo de casa, o ronronar de uma gata e a companhia de duas loiras (cervejas). Tê-las em plena segunda-feira é raridade e, portanto, entre leveza e sorrisos fui dormir, entendendo que é necessário respeitar o tempo, e, acima de tudo, o meu tempo, meu espaço, meus pedaços. O dia amanheceu, acordei reconhecendo nuances de primavera, o sorriso do céu anunciava uma nova estação. Ainda não sou capaz de enxergar as flores, a liberdade. Mas amanhã...ah, amanhã será outro dia...e hoje, quero apenas o mar.
Era o quarto dia do mês. Final de noite de um sábado de samba. Meu corpo estava coberto por um vestido estampado de flores, e meu sustento protegido por sandálias verde de couro. O encontro estava permeado por uma atmosfera de mágoas, rancores e tentativas frustradas. Minha pele arrepiada pelos últimos vestígios do inverno, sentia frio. Porém, mais gélido ainda estava meu coração. Os últimos meses possuíam em sua fala, melodias de um tempo que não poderia mais ser vivido, porém, havia deixado feridas profundas.
Raramente, quando se fala acerca de corrupção, associa-se o “jeitinho brasileiro” individual ao “jeitinho brasileiro” coletivo. E nisso, percebemos que nossa visão de corrupção está fundamentada nos políticos, e não em nosso cotidiano onde perpassa nossas relações sociais.
Em abril eu questionei se amar é uma escolha.
Há certos instantes em que tenho a sensação de presenciar todas as estações no decorrer de um dia... São dias como hoje, escutando as 4 estações de Legião Urbana...
Risos, lágrimas, odores, sensações, dores, amores, sons, perdas, desamores, imagens. Tudo dentro da mesma caixa: A minha caixa de pandora - memória. Pode parecer loucura, mas são raras as ocasiões em que desejo o esquecimento, o não sentir. Nesse sentido, pela estrada de tijolos amarelos, sigo com minha caixa, que as vezes chamo de baú, gaveta... Lá, encontram-se fotografias do que passou, mas que de certa forma está alojado em minha pele, em meus olhos, em minha alma, e em tudo que eu represento. Bem, venho refletido sobre isso há algum tempo; a memória enquanto pertencimento e identidade. Em 2004, ao assistir Eternal Sunshine of the Spotless Mind - um dos meus filmes prediletos -, percebi mais claramente esse desejo - ou quem sabe necessidade -, de fulga. E sinceramente, não acredito que a intenção seja o esquecimento, mas o distanciamento da dor. No entanto, não sei se ao deletar alguém, ou uma determinada situação essa dor venha ser amenizada, pois as memórias possuem o poder de desenhar nossos contornos e somos uma tela frente a esse espetáculo. Outro filme que fala sobre esse assunto, mas como fato verídito é Iris, que narra os últimos momentos da relação entre a escritora Iris Murdoch e seu marido. Nesse caso, a escritora começa a sentir as primeiras manifestações de alzheimer. Ver seu sofrimento com a perda de memória, causou-me uma dor que é constantemente revivida desde 2001, além do nascimento de um medo dentro de mim: O de me perder. Eu poderia relatar outros filmes que abordam esse tema, mas atualmente meus olhos e sentidos estão pairando sobre o livro Leite Derramado de Chico Buarque, estou a 10 linhas de finalizá-lo, e durante toda a leitura encontro-me novamente refletindo sobre a memória. O livro é um apanhado histórico delicioso sobre o Brasil dos últimos dois séculos, e narra a história de uma família que viveu o auge econômico, mas enfrenta uma decadência social e econômica. Quem relata essa história, é o personagem principal, um homem idoso (por volta de 100 anos) que está no leito de um hospital. Em suas narativas percebemos falhas de lembranças, confusões, criando dúvidas nos fatos narrados. Dentro disso, também percebe-se a fulga de algumas verdades que o personagem não quer enfrentar. E repetidamente, a memória falando-me sobre sua importância e força, na tela chamada humanidade. Enfim, em meu cotidiano já enfrento as lacunas que nascem do tempo e da falta de vitaminas. Porém, não desejo que apaguem minhas lembranças dolorosas e a transformem em uma mente nova e tranquila. Prefiro antes, observar, absorver e reviver as fotografias que estão dentro da minha caixa de pandora. Mesmo que as ignore vez ou outra, ainda as escolho sempre presente, vivas, lúcidas, revelando-me quem eu sou, onde estou e para aonde vou.
Estou com dificuldades em construir pontes entre o meu sentir e o meu dizer. Submersa ao desassossego teimo em sentir..."Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto." Os dias correm, mas não os acompanho. Lá fora, o céu está de um azul que leva-me a maio, e os ipês falam-me acerca de alegrias ainda não desfrutadas, desenhando risos, lágrimas e olhares. Reflito em palavras de desapego e permito que o som das almas cure a minha dor...mas ela teima em ficar agarrada às superfícies ásperas do meu ser. Fico a observar aqueles que nasceram para a alegria; seus risos encantam-me, mas o que fazer, se parte da minha felicidade está na forma de apreciar a beleza da tristeza... “Mas eu fico triste como um por de sol quando esfria no fundo da planície e se sente a noite entrada como uma borboleta pela janela”. Borboletas revelam-me essa construção contínua chamada vida. E essa mulher de várias manifestações e sentires... e quereres em forma de risos... e leituras de um abismo mais profundo do que qualquer vazio, permeado de cores e sons.
Uma multidão de letrinhas habitando minha mente, como um furacão que vai surgindo, se misturando, se perdendo e consumindo tudo ao seu redor. Uma a uma jorrando em meu colo, rolando braços, barriga, pernas...Os poros perdem o equilibrio, a transpiração revela-se intensa. Eis a esquizofrenia dessa sexta-feira. Reflexos de uma filosofia de segunda, mas que ainda não pussui força suficiente para me tornar indiferente. Palavras que nascem de um sentido, sem formarem teorias. Quereres que transpassaram a noite, trazendo armas, vozes e medo. Dialogando acerca de um falso sossego...Porém há um abrigo, e este é seu abraço, seu beijo, sua voz acalentando-me...As letrinhas criam palavras, e as palavras frases, e as frases dias, semanas, estradas, viagens e estações...e alguns humanos vão pra nunca mais voltar, mas há os como nós, vivendo em dias de eterno vai e vem. Desenhando seu destino, colorindo o caminho... E o furacão? É consumido pelo nosso encontro.
Cheguei a ponto de encontrá-lo. As folhas ainda estavam secas e os ipês lutavam contra o frio do inverno. O vento contava velhas estórias, e num momento de um leve suspiro nossas mãos se encontraram...Essas mãos que passearam pelos meus contornos, apreendendo curvas, pele, carne, e absorvendo minha alma... Seus olhos ainda sorriam para mim. Esse contraste do verde biológico e o amendoado de um amor que outrora havia habitado ali...O tempo estava leve. O espaço era transparente e sútil, mas as palavras surgiam como a despedida de um pôr do sol. Jamais seriamos os mesmos, mas já não éramos...Ainda pego meus olhos pousando sobre seus lábios. Eles insinuam-me fogo, desejo... De repente sinto sua barba roçando sobre meu pescoço, mas não passa de mera vertigem. Essa barba que cantou-me acerca de papoulas da india. Fizeram-me conhecer a devassidão de uma paixão...Procuro por ele, insistentemente. Não mais o encontro. O amor abandonou-nos. Ou será que fomos nós quem desistimos de renová-lo dia a dia?... O sol queima minha pele, recordando-me velhas feridas e cicatrizes. Mas passou...Percebo que você também possui as suas. Entre sorrisos nos conhecemos outro. Com marcas do que se foi...O relógio do prédio na praça afasta-nos. Porém já não estávamos de mãos dadas. Duas estradas...O beijo da despedida. Sem sal, sabor, calor. Fomos... Um amor... Resta-nos seguir adiante. Regenerar o ser, o querer, o encontrar. Quem sabe o se perder...O cheiro dessa manhã trouxe-me você. Sem dor, mágoa. Sem amor...Durma bem, querido. Pois eu estou de olhos abertos para contemplar o novo. Apreendê-lo com dentes. Lágrimas. Boca. Olhos. Braços.
Há certas lições que são necessárias durante toda nossa existência, pois há pessoas que irão nos magoar continuamente, pelo simples fato de serem humanas. Mas diante desse conhecimento, o que fazer perante as piores características humanas?
Recentemente, visitei o pequeno príncipe de Saint-Exupéry novamente. Isso há umas duas ou três semanas atrás. Contudo, meu ser ainda está impregnado da presença desse lindo menino de cabelos cor de sol.
Quero descansar em seus olhos, sabendo-o não miragem, mas a força de um abrigo. Quero a poesia que nasce do seu sorriso. A companhia em estrada de tijolos amarelos nascidas de sonhos.
Ao acordar, descobri que a junção de álcool e quinta-feira não é das melhores. Segui viagem entre a sobriedade de se viver outro dia e a ressaca do ontem. Chegando em algum ponto, lembrei-me da multidão de pequenas coisas que possuem em seus contornos, representações de alegrias infindas. Finalmente, sexta-feira, minha imaginação corre livre. As estrelas ainda falam-me acerca dos balões. Quem sabe não pegue algum cometa e siga voando por aí... Vou fazer isso através da noite. Alguém quer vir comigo?
Por Leila Ferreira - jornalista.
Após uma noite de leveza, acordei preparada para pegar um trem para as estrelas. O desejo é encontrar os balões (desde que estes foram embora). Prometo entregar-me às paisagens; aos campos de girassóis que forem surgindo no decorrer da viagem. Também permitirei que o sol aqueça meu coração, acalentando-me no eterno ir e vir da alma. Nas noites frias, esperarei pacientemente pela lua, responsável pela esperança no breu. Ao embarcar, penso que é bem possível que eu seja surpreendida ao longo dessa viagem. Afinal, o amor pode surgir em alguma outra estação, trilho ou vagão...
" Por frações de segundo seria amor, mas por receio resolvi descer na próxima estação."
O céu de ontem estava com sabor de algodão doce. Seu sorriso era largo, como daquele menino. Namorando suas cores, quase me perdi entre os balões - juro que os vi lá no alto. Ao nascer, trouxe-me eles, não permitindo que eu me sentisse sozinha. No final da tarde, quando o breu tentou adentrar, lembrou-me das asas e senti uma multidão de sensações. Soltando fogos, agradeci pelos presentes. Porém, a noitinha, quando estava a me despedir, recebi a maior das delicias.
"Todo jardim começa com uma história de amor, antes que qualquer árvore seja plantada ou um lago construído é preciso que eles tenham nascido dentro da alma. Quem não planta jardim por dentro, não planta jardins por fora e nem passeia por eles."
[Rubem Alves - companheiro de muitos invernos]
Que ser humano é contraditório, muitos concordam. Mas visualizar uma bandeira que defende a liberdade e justiça, nascida do desejo pela emancipação da ditadura, que fora perpetuada por longos anos em Gana, e associar tudo isso ao posicionamento do atual governante, Aidoo, acerca dos homosexuais, leva-me a uma reflexão dolorosa.
A espera em formato de espinho retalha minha carne. E minha pobre alma em cacos habita num abismo que a aprisiona. Não mais medo, mas a espera. O véu de lágrimas embassa minha visão, impedindo-me de alcançar a esperança. Querer ir não é partir - é alimento para meus lábios. Sua função é a dos rios; água viva para minha alma. Mas onde estão os balões? Não mais os encontro. Restando somente a presença das flores. Como seguir pelas estrelas? Rendida às flores, a menina dos balões esforça-se em ir, fluir com a correnteza. Será possível? Como caminhar sem os balões para a acompanhar? Seus pés terão que aprender novos passos. Não mais voar. O espinho a incomoda. A espera a tortura. Um desejo nasce: Que as flores exalem seu doce perfume, e novas sementes sejam capazes de florescer girassóis. Os balões? Esses virão com o tempo. Até lá ela terá aprendido a nadar.
Para mim:
[Pra esquentar o frio que chegou de repente, nesta manhã de segunda]
APENAS CACOS OU OBRA DE ARTE
O dia de hoje segue com cores nostálgicas e sons que doem aqui dentro. De repente, sinto que a memória ainda controla. E acima desse sentir, há o saber; a certeza de que ela ainda reproduz, não o amor ou desamor, mas os medos. As falhas. As expectativas. Enxergo algo que não agrada aos meus olhos e menos ainda a racionalidade: fragilidade. E dessa vez, o frio que permeia a atmosfera lá fora, faz-se presente. Meus pés descalsos, sentem o frio que fica registrado sob o solo, mas são os cacos que os impedem de ir. E enquanto minha pele seca carece de hidrantes, minha alma diz-se perdida - o que espero que seja somente por instantes. Porém, também constato que estar pronto não é a solução. Que há momentos de limitação. De espera. De construção. Envolvida pela atmosfera do medo, percebo um que fala mais alto. E é este mesmo medo que me motiva a correr o risco de seguir em frente. Pois para o amor não há fórmula, referência, mas sim, experiência. Portanto, sigo. Por vezes com a visão embassada, mas os ouvidos atentos. Em outras, avistando meu lindo jardim de girassóis, mas inundada do silêncio. Nesse momento, embalada ao som dele, um achado lá no blog do querido poeta, Jorge.
Nos encontramos em um momento aonde os adolescentes já saem do ensino médio com sua carreira pré determinada - sem generalizar. Dentro desse universo de projetos e conquistas, encontro-me entre sonhos, desejos e realidade, uma vez que não sou mais adolescente.
Já vivi do passado. De sonhos e lucidez. Hoje vivo de ambos. Equlibrando-me na linha de cada estação. Porque se há um trilho, ainda não o vejo. Mas já o sentir, esse se fez sempre presente.