Atitude do Pensar

Atitude do Pensar

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Se o diabo veste Prada, eu visto o quê?

Nos encontramos em um momento aonde os adolescentes já saem do ensino médio com sua carreira pré determinada - sem generalizar. Dentro desse universo de projetos e conquistas, encontro-me entre sonhos, desejos e realidade, uma vez que não sou mais adolescente.
Ao realizar a soma, o resultado é insatisfação constante.

Há cerca de 5 anos atrás, abandonei a área social para conquistar independência financeira, pois havia descoberto ser necessário ter meu próprio lar, o que eu jamais havia planejado possuir. Nesse sentido, precisava firmar raízes por um tempo, refletir sobre aonde desejava chegar e, estabelecer metas. Pela primeira vez ficaria presa à pessoas e locais.

Contudo, no decorrer desses anos não alcancei tudo que eu desejava. E somente agora, encontro-me no melhor momento da minha carreira na área da saúde - o que também não planejei. Porém, estranhamente, jamais me senti tão frustrada, o que revela que reconhecimento e dinheiro não possuem tanta força quanto se imagina.

Refletindo acerca disso, lembro-me que comecei a trabalhar com carteira assinada aos 15 anos, logo após meus pais falirem. Há 3 anos habitando a capital mineira, nos encontramos em meio a dívidas e distantes da família.

Nesse tempo, com pouca verba, contribuia em casa e supria minhas necessidades básicas. O que me ajudou a construir um conhecimento sobre como administrar o dinheiro, auxiliando-me bastante ao sair da casa dos meus pais (aos 17 anos).

No entanto, meus sonhos sempre foram voltados às asas, com algo que não tivesse raízes; viajar, conhecer lugares, pessoas e culturas diferentes. Por se tratar de algo mais subjetivo, custei a definir uma meta quanto a faculdade. Exatamente por esse motivo, iniciei minha graduação somente quando avistei meu horizonte. Contudo, nem aqui consegui alcançar o que realmente quis, tendo que escolher uma opção próxima, visto que o curso desejado é diurno, e pra quem é independente financeiramente (ou dependente quando se refere a sua própria manutenção), não seria possível.

Frustração inicial a parte, constatei que poderia me graduar numa área próxima e buscar minha especialização por meio do mestrado na área em que realmente desejo atuar. Porém, os percalços são vários e enormes; a falta de tempo, o cansaço e a insatisfação com o curso de graduação fizeram com que eu quase desistisse. Tranquei a matrícula, decidi fazer matéria isolada e adiantar o projeto de mestrado - isso quase formando.

Atualmente, meu anseio é concluir o curso de graduação e entrar de cabeça no mestrado, mas algo é contínuo: a insatisfação em relação a graduação e ao trabalho. Ambos ficam martelando em minha mente diariamente. E por esse motivo, vivo numa montanha russa de sensações.

Nesse sentido, ontem, ao rever o filme O diabo veste Prada, sucumbi às lágrimas. Pois enxerguei-me na personagem Andy, que possui seus sonhos, mas estaciona-os por necessidade. Chegando ao limite de transformar-se para fazer parte do lugar.

Bem, ainda não sofri essa metanóia, mas havia planejado sair do trabalho e viver para a academia (pegar alguma monitoria, projetos de pesquisa e dar aula pelo estado) desde já, uma vez que meu projeto é trabalhar com pesquisa e lecionar.

Entretanto, mantenho-me no impasse, visto que me acustumei com uma qualidade de vida que não conseguirei no inicio. Qualidade esta que nem é tão boa, mas é a melhor que já tive.

Alguns amigos comentam que primeiramente preciso me estabilizar financeiramente, mas pergunto-me quando isso ocorrerá, e o pior, se ocorrerá.

Enfim, trabalho sem motivação.

Vivo o agora sonhando com o amanhã.

Sinto o mundo me chamando a desbravá-lo, mas fico presa no momento.

Ainda bem que não possuo nenhuma Miranda Priestly em minha vida.

Em compensação também não tenho um namorado que cozinha (risos).

Mas tenho minha alegria de ir pra casa: Srta. Woody Allen, a gata mais linda do universo chamado apartamento.

E enquanto não sou capaz de definir qual o próximo passo, retorno para o ronronar mais gosto que há.

13 comentários:

  1. Se você me permite uma opinião, essa tal estabilidade apontada por alguns amigos, ela nunca chegará. Porque a gente quer sempre mais, então, nunca há estabilidade suficiente para arcar com a ousadia. O parâmetro não deve ser esse, mas sim o quanto você aposta na sua ousadia - para o melhor e o pior que ela pode conter.

    Eu estou numa fase parecida. Mas não consigo ficar. Prefiro perder financeiramente a perder em outras esferas.

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  2. Me enviaram este texto da jornalista Eliana Brum, da revista Época, que acho que dialoga com esse seu/nosso momento:

    http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI249779-15230,00-A+DOENCA+DE+SER+NORMAL.html

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  3. é bem mais de amanhã que vive, sonha,
    cultiva, é de hoje, de agora, que enche
    com sua afetiva escrita, que nos afeta; fetal,
    sem ser fatal; natal.
    b
    de la mancha

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  4. ...dinheiro is good. Agora, relativizo: dinheiro is good pra fazer o que a gente gosta, tipo engradados de cerveja e viajar pra ver os amigos. garanto que é ótimo. Dinheiro pelo dinheiro é um saco, e olha que eu: a) já fui dura, muito dura, de vender o almoço pra comprar a janta; b) já tive grana pra ter os eletrodomesticos que todos querem, carro e sei que lá mais, c) tenho alguma grana pra ir a alguns lugares e não me furto. Não tenho poupanças.
    Enfim, entre tudo que ocorre, eu diria: escolha a felicidade.
    De

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  5. Eu assisti esse filme e adoro, mas confesso não gostar do final porque ao ver aquela jovem jogar fora os dias seguintes na revista me dá vontade de pegar o chato do namorado dela e socá-lo. Sim, porque ela se transforma sim, mas existe uma motivação, um desejo e em dado momento ela passa a admirar aquela mulher que chegou onde chegou sacrificando anos de sua vida, mas acho que foi uma opção dela.
    Sei lá, esse filme é uma loucura para o meu ser. Eu me formei em psicologia, assumi literalmente o lugar de minha mãe e o fazia com prazer porque era o que eu queria. Escrever nunca foi pra mim uma opção e sim um hobby, mas de repente, os personagens começaram a me enlouquecer, as histórias também e os muitos diários já não eram mais suficientes para saciar a vontade de escrever. Abandonei ou arquivei a profissão (sei lá) e fui estudar, prometendo a mim mesma que só iria publicar algo quando tivesse certeza da mínima qualidade dos meus escritos. rs

    Sei lá, dinheiro é importante e autonomia também e talvez usar anos da vida para alcançá-lo seja uma opção. Essa galera mais jovem anda enlouquecendo de pressa para alcançar os objetivos ontem. Não sei... rs
    Morro de pena deles. Serão frustrados no dia seguinte e talvez eu tenha novos pacientes. O que me diz?

    bacio

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  6. Feliz todo dia pra você também flor!
    beijokaaas!
    sua presença me alegra!
    *-*

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  7. concordo com a lunna, tenho vontade de socar aquele namorado! hehehe
    e eu amaria ficar com boa parte daquelas roupas e acessórios…ai ai

    a lu tambem tem razão, o dinheiro é legal para podermos fazer as coisas simples que a gente gosta…

    mas grana por grana, é vazio. ser bem sucedido nos moldes de nossa sociedade é ter, é poder, é parecer…

    eu sonho em viver pelo mundo, viajar, nao ter raizes…

    te invejo por tua gatinha, tenho saudades dos meus...

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  8. keila, fiquei curiosa querendo saber qual curso seria este que seu desejo não alcançou, pelo menos a príncipio, imaginei ciências sociais, mas sobre seu relato, já passei por situaçoes parecidas, e te falo que estabilidade financeira não é nada perto da satisfaçao pessoal, eu tenho buscado isso desde sempre, a minha autonomia em relaçao ao mundo, tenho buscado a satisfaçao das minhas vontades, das minhas minimas vontades, e fazendo isso, todas as dificuldades que surgem parecem ser tao pequenas que por vezes nem as percebo...

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  9. Não é novidade que não se pode ter tudo .
    Mesmo os que nós julgamos que sim , não têm o mais importante " eles próprios " . Há sempre " facturas " a pagar .
    Mas ter um lar , do qual se gosta , subsistência garantida e ainda a possibilidade de perspectivar ... óptimo .

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  10. Ciências da saúde... Sou enfermeira, e não consigo medicar minha alma!
    Adorei seus textos.

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  11. Este comentário foi removido pelo autor.

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  12. Tudo que se refere a questão de estabilidade, deixam-nos tensas!!

    Relacionamento, situação financeira, sucesso na área escolhida.. Enfim.. Motivações em cima de outras motivações. E, quando não conseguimos, reflete aquele vazio, a agonia de não poder mudar algo que há tanto tempo nos persegue, o sintoma de inutilidade perante tudo...

    Assim como nada cai do céu, acredito que tudo poderia ser um pouco mais fácil... Poupava-nos a impaciência, que a cada dia, deixa-nos seres piores!

    Sou formada em turismo. Amo essa área. Porém, sei que é um nicho de mercado que você tem que ser de tudo, ganhando pouquíssimo! É necessário falar inglês, espanhol, o escambal, e mesmo assim, ganhamos um salário incompatível ao nosso mérito! O jeito é se especializar em outra área. No meu caso, irei adentrar no campo ambiental... Um caminho para tentar elevar o meu salário!!! Tudo bem que não é só isso que conta, mas confesso que dinheiro é fundamental... Assim como gastei milhares na minha faculdade, sei que sou digna de receber o triplo do que gastei na minha formação! Mas, nada é do jeito que queremos!!!!

    Se cuida!!


    Beijão

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  13. Tenho tentado responder, mas sinceramente, tô com preguiça do assunto.
    As coisas por aqui não melhorarm muito, porém melhoraram.
    Precisando fazer algumas escolhas, esperando algumas respostas que não dependem de mim.
    Enfim, obrigada pelo carinho de todos.
    Abraços e beijos,
    K.

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