Honestidade, corrupção e "jeitinho brasileiro".
Em qual desses pontos nos encontramos enquanto indivíduo e sociedade?
Há pessoas 100% honestas?
Bem, particularmente, acredito que não.
Porém, para destrinchar mais acerca desse assunto, fui convidada à fazer uma refelxão aqui, juntamente de mais 3 colegas blogueiros.
Vambora?
Raramente, quando se fala acerca de corrupção, associa-se o “jeitinho brasileiro” individual ao “jeitinho brasileiro” coletivo. E nisso, percebemos que nossa visão de corrupção está fundamentada nos políticos, e não em nosso cotidiano onde perpassa nossas relações sociais.
No entanto, é sabido que o “jeitinho brasileiro” é reconhecido no âmbito nacional e até internacional, como a forma que os brasileiros têm para resolver seus problemas. Portanto, permeia todo o universo brasileiro, iniciando pelo individual e coletivo até tornar-se em parte nossa identidade nacional.
Enquanto indivíduo, posso afirmar que infelizmente não sou 100% honesta, mesmo apreciando a veracidade dos fatos e até mesmo da identidade pessoal. Inclusive, posso afirmar que em muitos momentos, ocorre de forma involuntária, contudo, me esforço para que não exceda a minha identidade, meus valores.
Como citado acima, esse estigma brasileiro denominado “jeitinho brasileiro” é reproduzido constantemente em nossa sociedade, e ao realizar uma análise mais intrínseca sobre esse fato, percebe-se que tal jeitinho, está alicerçado na falta de honestidade que a sociedade brasileira tem construído historicamente há séculos, por meio de vínculos com o coronelismo, paternalismo, ou simplesmente na troca de simples favores.
Estigma ou não, a reprodução histórica desse fato, pode nos impedir de legitimar direitos nacionais e universais, pode ainda, manter no poder, pessoas desqualificadas, e reproduzir corrupção nas coisas mais frívolas do dia-a-dia.
Iniciando em coisas que pensamos ser pequenas, como a não devolução do troco, a ocupação do lugar reservado para idosos e afins, a fila do banco ou supermercado que passamos na frente, até a compra do voto político, mantemos em constante evolução o que consideramos abominável: a corrupção.
O antropólogo Roberto da Mata afirma que há uma relativização dessa corrupção, pois parte da idéia que aceitamos determinados modelos de transgressões, mas não outros. Nesse sentido, Da Mata entende que, quando localiza-se na esfera individual a corrupção é aceitável, mas quando parte para o coletivo, a massa, é inaceitável.
Mas afinal, o que fazer?
Talvez iniciar uma reconstrução da ética individual e nacional. Entretanto, pode ser que seja necessária não a reconstrução, mas sim, a construção, visto que o “jeitinho brasileiro” nasceu na própria colonização de Portugal no Brasil e, portanto, está arraigada em nossa atmosfera.
Enquanto isso vale a pena uma reflexão individual de como estamos construindo o que mais criticamos enquanto indivíduo político, repensando assim, nossos atos frente às nossas relações sociais, buscando então, uma vida honesta, ou o mínimo corruptível possível.
[obrigada pelo convite, Emi]
Esse danado do jeitinho brasileiro é um bom motivo pra chamar a desonestidade de um outro nome... beijos,tudo de bom,chica
ResponderExcluirTudo aqui parece fácil, os brasileiros acabam se dando bem porque de uma forma ou de outra mesmo atrasados e fazendo tudo em cima da hora conseguem o que querem...
ResponderExcluirHonestamente, sou honesto.
ResponderExcluirAmiga Keila, vivemos e fazemos parte de uma sociedade onde a média é corrupta. Digamos que a cada três pessoas, uma é isenta deste mal, ou em quatro, duas são corruptas. Se fôssemos perfeitos não teríamos nascido aqui na terra, mas em outro planeta mais evoluído, onde os indivíduos estão num estágio mais avançado espiritualmente e por consequência mais adiantados moralmente. A terra ainda é um planeta de expiação e provas, daí as nossas fraquezas, os nossos vícios, o nosso mau procedimento...
ResponderExcluirUm grande abraço. Tenhas um lindo fim de tarde e uma ótima noite.
O famoso jeitinho brasileiro. Uma colega que está morando em Paris pra estudar, relatou o jeitinho brasileiro na fila do Louvre. Quando ela viu um casal querendo furar a fila, ela logo pensou que eram brasileiros, e não é que eram? Pois chegaram perto dela tentando furar a fila.
ResponderExcluirLamentável!
Boa reflexão!
Beijo!
Muito bom seu texto, para conscientização de muitos. O tal jeitinho brasileiro, acaba se tornando um vicio para as pessoas, mesmo quando moram em outros países, sempre querem se dar bem com o tal jeitinho... aqui no Japão, o povo japonês é bem disciplinado e procurar fazer as coisas no padrão, não existe o tal jeitinho, ou é ou não é.. e as vezes ficamos sabendo que determinando "brasileiro" quis dar um jeitinho em determinadas situações, é lamentável... eles nem fora acabam se moldando ao padrão e cultura do país que escolheu para estar, querem sempre que as leis beneficiem do seu jeitinho.
ResponderExcluirUm grande abração pra ti. Giovanna
Muito bom sua análise, Keila.
ResponderExcluirSempre pensava nesse tal jeitinho brasileiro quando eu morei fora. Acho que há o lado bom, de se virar, de saber administrar situações. Mas acho detestável quando (e na maioria das vezes é assim) parte pra coisa das pequenas (ou nem tão pequenas) corrupções.
Enfim, é um assunto que rende mesmo. Por isso é tão interessante a ideia do debate a respeito.
grande abraço!
Eu nunca entendi muito bem esse tal jeitinho brasileiro, me incomoda um pouco. Outro dia estava eu na fila para comprar um sorvete no macdonalds e uma senhora passou a frente sem a menor cerimônia. E achou ruim da minha reclamação dizendo "todo mundo faz isso, acorda, está na fila porque quer". Fiquei pasma e pensei, começa com a fila, com a vantagem em perceber o troco errado (pra mais) e não devolver e pronto, a vantagem está sempre em mãos e quem sai perdendo? Somos nós mesmos.
ResponderExcluirbacio
Belo tema!
ResponderExcluirEu não sou 100% honesta, mas sou bastante honesta... rs.
Devolvo qualquer troco que me derem a mais, não sento em lugares reservados para deficientes, exceto se o ônibus ou vagão estiver vazio. Costumo esperar minha vez.
Agoooora, se o banco errar e depositar a mais qualquer quantia na minha conta, certamente não vou ligar devolvendo. Porque eles já ganham muito dinheiro as minhas custas e eu não sou idiota... rsrs
Beijocas
Muito legal esse post.
ResponderExcluirMuito boa esta abordagem .
ResponderExcluirE de facto esse " jeitinho " é - me familiar .
Mas o pior é que se está a passar para além do " jeitinho " , e em pessoas com responsabilidades , incluindo as governamentais .
Verdade, Chica, utilizamos o jeitinho para fins próprios e sujos.
ResponderExcluirMarcelo, não sei como, mas até quando estamos lá fora, as coisas dão certo, ao utilizarmos nosso jeitinho brasileiro.
Roderick, é outra coisa que questiono, será que temos que ser 100% honesta. Não sei...
Mas é bom saber que ainda há pessoas assim.
Dilmar, boa reflexão. Particularmente, acredito que nossa essência é perfeita, e aqui, nesta terra, estamos buscando o (re) encontro com esta essência.
Lê, tem um blog que acompanho que fala somente sobre a França e as vezes acerca dos brasileiros que ali residem. Coincidência ou não, semana passada ele citou exatamente uma situação como essa.
Giovanna, a cultura oriental tem tanto a nos ensinar, deveríamos aprender a disciplina, a fidelidade, a veracidade deste povo. Principalmente quando estamos no solo deles.
Ei, Humberto, é lamentável, e infelizmente, constantemente reproduzido. Enfim, talvez nem falte discussões, mas reflexão individual.
Lu, meu medo é que isso jamais mude. Que as pessoas, mesmo reconhecendo esse jeitinho, simplesmente o reproduzam cada vez mais. Sendo assim, as corrupções permanecerão ocorrendo na política, visto que será apenas um reflexo da sociedade.
Dama, sou como você, bastante honesta, mas não 100%. E ainda questiono qual é o limite para a honestidade e se isso existe...
Obrigada, Dani.
Maria, essa é a questão, está enraizada na cultura e reflete em todas as áreas.