Atitude do Pensar
terça-feira, 10 de maio de 2011
Amor e outras coisas
AMOR ? - O FILME
Vi o trailer do filme Amor? quando assisti Biutiful.
Nesse dia, eu estava acompanhada com o meu ex.
Após 7 meses distantes, naquele momento, haviamos resolvido sair como uma forma de nos reaproximar.
Ao ver o trailer, imediatamente nos olhamos e comentamos que iriamos assistir juntos.
A príncipio, não sabia que se tratava de um filme sobre violência nas relações afetivas. Mas em outro momento, quando fui para assistir O Discurso do Rei, percebi do que realmente se tratava.
Desde então, aguardava ansiosamente por assisti-lo.
No entanto, após a estréia, acabei ficando meio relutante. Talvez pela reaproximação não ter dado certo, ou quem sabe pelo fato de saber que o tema do filme falaria muito a mim. Impactanto meus valores e sentires.
Infelizmente, após essas duas semanas em cartaz, o filme já não se encontra em exibição em muitos cinemas. Aliás, no momento, somente em uma sala e um horário no Usina Belas Artes.
E ontem, finalmente criei coragem para ir vê-lo.
Inicio de noite, cinema vazio, e nós - eu e o filme.
O longa-documentário possui uma trilha sonora fantástica, são histórias reais contadas por atores como Eduardo Moscovis, Ângelo Antônio, Julia Lemmertz, Lilia Cabral, entre outros.
As histórias, são de uma profundidade que mergulha em nosso ser, adentrando as câmaras mais profundas.
No entanto, apesar do filme apresentar o contexto do violentador e do violentado, sai de lá com uma necessidade de que se falasse mais a respeito da violência psicológica; aquela que não chega ao físico, mas é tão marcante quanto esta, ou até mais.
Ao ouvir os relatos fui me identificando com algumas falas. E apesar de jamais ter sofrido violência física, convivi com a violência piscológica quando morava com meus pais, o que ele ainda tenta fazer quando nos falamos.
Reconheço que suas palavras de domínio e poder até hoje refletem sobre minhas ações. Vez ou outra descubro o medo habitando em mim. O desamor por mim mesma. Entre outros traumas causados por isso.
Nesse sentido, conheço na pele o impacto que isso causa em alguém.
Pensei que ao sair de casa, as coisas iriam melhorar; diminuir. Contudo, percebi que não é bem assim, o pouco contato que ainda existe, me mostra que meu pai ainda se esforça para manter o controle. Impondo-se sobre mim.
Além disso, ao assistir ao filme, percebi que vivi uma relação quase doentia com meu ex, onde havia muita dor e mesmo assim, insistiamos em nos maltratar.
Ontem, agradeci à Deus por jamais ter chegado no nível da violência física.
Quanto mais se desenrolava o filme, mais me identificava nas falas de alguns personagens. Naquela que comenta sobre sua necessidade em ser elogiada pelo parceiro.
Em outra que conta sobre sua iniciação violenta dentro do próprio seio familiar, e em outro que apresenta o amor de forma tão poética - o amor que sangra por dentro e por fora.
Enfim, a pergunta ainda permanece, o que será o amor?
O MEDO QUE ME APRISIONA
Quanto mais passa o tempo, mais me deparo com um medo que reside em mim.
Um medo que não paga aluguel e se apropria de tudo que me habita.
Um medo que se esforça por impedir-me de viver.
Um medo que teima por aprisionar-me.
De forma insegura, me esforço por enfrentá-lo. E paulatinamente avanço.
Mas vez ou outra escuto o ringue batendo e no fundo uma voz que diz: eu venci.
Nem sempre essa voz é a minha.
No entanto, com todos os tremores em meu corpo, as náuseas e as cólicas, encaro-o.
Ontem, foi um desses dias.
E no final, ele se mostrou tão frágil que simplesmente chorei.
Chorei por me descobrir ainda tão temerosa diante de algo frágil. Mais ainda do que eu.
Em meu ser, um desejo. Aquele de ser um humano mais parecido com alguns amigos que não possuem medo.
Reconheço que este pode ser superado, e quando superado gera alegrias inefáveis. Contudo, não ter medo também me alegraria demasiadamente.
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que bárbaro e profundo o que escreveu!Uauuu...e posso te garantir que a dor psicológica é tão ou pior que a dor física...pois já vivi as duas e consegui, depois de muitos anos e esforços, me libertr!
ResponderExcluirParabéns por sua escrita!
Vou assistir este filme que comentou!
beijos com carinho!
Bia
É, Keila, eu e vc, ambos machucados, sangrando, sentimentalmente falando. Sinto q muitos amores ainda aparecerão em sua vida... vc é jovem, alegre, inteligente, cheia de vida...Quanto a mim... já dependurei as chuteiras (rs).
ResponderExcluirSobre o q vc disse sobre seu pai, lamentável tal fato ainda ocorrer, e lamentável tb ter ocorrido quando vcs moravam juntos.
Família... família... shit!
Espero q vc supere tudo, Keila!
Abraços
Os traumas causados na infância são os mais difíceis de superar, aqueles que teimam em nos acompanhar pela vida inteira refletidos em nossa forma de ser. É triste saber que você carrega esse peso, mas o bom é que você já que o identificou, talvez agora seja mais fácil curar as feridas, nem que para isso você precise de ajuda.
ResponderExcluirO filme parece interessante, mas só percebi que se tratava de violência física nos últimos segundos do trailer, e só tive certeza quando li seu comentário, rs.
O amor não deveria causar dor, nem física, nem psicologica. Acho que o título "Amor?", com uma interrogação, se encaixou muito bem no filme.
Espero que você consiga cicatrizar suas feridas.
Um grande beijo.
O amor um dia chega para todos, beijo Lisette.
ResponderExcluirOlha, se palavras ajudassem...
ResponderExcluirMas, lendo seus textos, é notável afirmar que alguns sentimentos que você está sentindo, passam também por mim...
Medo é um deles... Acho que está em uma das primeiras posições do ranking!! rs!! E, pelo visto, não estamos sabendo lidar... Pelo menos, eu não consigo lidar com ele... Quando penso em fazer algo, fiz totalmente ao contrário (geralmente o emocional toma conta!!)...
Bom, vamos lá!!! Acredito que seja um aprendizado, né?? Para que possamos ser muito melhores para o amanhã... Ou estou errada???
Espero que sim!!!
Um beijoooo
Querida Keila,
ResponderExcluirAssisti ao trailer de Amor e como estou em uma fase “Cinema Nacional”, fiquei interessado. Agora, sobre o seu texto...No início o comentário sobre o filme é interessante, mas quando você mergulha em sua intimidade e nos traz um pouco do seu mundo, é algo encantador. Não que seja leve, muito pelo contrário. No fim, que é meio, uma perguntinha complicada. Depois um novo título e o medo... Cotidiano, visível, palpável. Algo tão seu, da mesma forma universal, pois todos nós sentimos isso. Que linda a frase sobre a necessidade do medo, pois senão a alegria seria demasiada...
O que posso dizer mais?
Somente obrigado...
Lindo texto!Vc escreve com a alma.
ResponderExcluirO medo me dá medo.
Bjkas querida
(Te aviso o domingo do Ping Pong.Muito obrigada por participar.)
Bjkas
so me deixou curiosa pra ver o filmeee!!
ResponderExcluire gostei dos textos tbm, do amor que tem por aqui..
Desculpem pela demora, mas vamos lá:
ResponderExcluirBia, saber que você já passou por ambas, me permite admirá-la ainda mais.
Bj
Roderick, penso que é mais fácil você - que está sem expectativas - ,se apaixonar do que eu, que encontro-me tão cheias de ansiedades e amores.
Você já assistiu Casamento Grego? De certa forma ele me lembra um pouco da relação que tenho com meu pai...rsrs
Abraços
Cris, às vezes me pego pensando se há dor, saudosismo ou sei lá o que...nem eu mesmo tenho certeza...
O filme é perfeito, assistiria novamente fácilmente.
Sabe, há momentos em que não sei exatamente o que sinto em relação ao meu pai, mas me permitir ser já é uma grande conquista.
Beijocas
Fabby, querida.
Novamente, muito obrigada.
Assim que possível, os coloco por aqui, tá?!
Bju, bj
Thel, em alguns casos, esses traumas são carregados pela vida toda e influenciam em tudo que você é.
No meu caso, a ajuda foi necessária, mas enquanto ser humano temos capacidade de superação e isso é algo incrível em nós.
Também gostei da interrogação, coube muito bem.
Bjus e obrigada
Lissete, será que ele chega com hora marcada?rsrsr
Um beijo
Cristal, obrigada pela visita, vou lá sim.
Bju
Suzi, apenas em permitir nos abrir e nos identificar já é algo grande, né!?
Tenho certeza que não serei mais a mesma quando tudo passar.
Superamos isso, flor!
Bj
Oi Peterson, desde 2003 tenho me apaixonado cada vez mais pelo cinema nacional e percebido que a qualidade das produções estão se superando.
Relacionar um filme a nossa vida, deveria ser cada vez mais presente, pois dessa forma, descobririamos o quanto de realidade e ficção habita em nós.
Obrigada por estar aqui.
Um beijo
Tarsila, fico muito feliz em estimular o cinema nacional.
Bj