Ela, menina-mulher, dona de tantos quereres e sentires, acabara de descobrir que fora enganada por anos.
Naquele instante, em sua mente, surgiam fleches de sua vida. Dos homens que por ela passara. Daqueles que nem adentraram. E dos que ainda permanecem.
A agonia em seu peito não era apenas regida pelo engano, mas por este ser íntimo. Tão próximo, que encontrava-se alojado em seu peito. Marcado. Tatuado.
No decorrer de sua vida, menina-mulher acreditara em algo que denominava por amor – aquela coisa dolorosa; desgastante; sufocante -, mas agora, tudo aquilo em que acreditara não o era.
E assim, a dor do engano, mesclava com o prazer do descobrimento de um novo mundo. Que anunciava esperanças e novas perguntas. Afinal, se o que pensava ser amor não o era, o que seria o amor?
Antes, menina-mulher questionava o que era o contrário do amor. Em sua mente incrivelmente paradoxal. Confusa. Pensava qual sentimento se enquadraria a isto. Seria o desamor?
Mas agora teria que enfrentar outras perguntas. Outros quereres.
Seus sonhos de menina eram singelos. Alegrias matinais. Doces após o almoço. Sorvete ao domingo. E ao sábado, ir à praça brincar na gangorra.
Enquanto mulher desejava amar e ser amada. Apenas isso.
De repente, a constatação de tudo o que estava acontecendo, causou-lhe arrepios.
Sim, seu engano vinha de si. Dos seus próprios olhos. Ouvidos. Das peles já tocadas. Dos lábios beijados. Dos sonhos compartilhados. E de tudo que fora perdido. Desconstruído.
Embora não soubesse dizer se havia nascido daquele primeiro beijo dado às escondidas, menina-mulher tinha certeza de algo, independente do engano, entregara-se completamente. Em cada momento. Cada sensação. Ela era inteira. Cheia ou vazia, porém, jamais metade.
No entanto, ao refletir, lembrou-se do momento exato onde ocorreram certas mudanças. O início de círculos infinitos de idas e vindas. E se há algo que ela conhecia muito bem, era a viagem do ir e vir. Isso desde criança. Na gangorra da pracinha.
Certa vez, já mulher, acreditou estar acostumada a elas. Mais um engano. Porém, foram tantas viagens e tantos amores perdidos. Que acabou acreditando que tudo isso era parte da vida. Do desafio de viver.
Até hoje Menina-mulher costuma olhar o céu, brincar com as nuvens. Fotografando-as com os olhos. E ao mirar para os seus – os humanos -, imediatamente realiza um pedido dentro de si: O da alegria completa.
No entanto, devido às viagens e tantos ‘amores’, ela está inundada de marcas. Temores. Dores que quase a sucumbem.
As lágrimas que insistem em escorrer funcionam como sinalizador de que seu pobre coração sangra.
Ela sabe que apesar disso está viva.
E apesar da desesperança que insiste em sua porta, Menina-mulher acredita que o amor está por sua espera. Rondando as portas e janelas que insistentemente ela mantém abertas.
Não se lembra mais do engano. Da perda. Mas a dor bate em sua porta...
É domingo, ela está sozinha, ao dar um passo à frente se depara com um espelho, seu peito queima, lágrimas escorrem por seu colo.
Mas ela está ali. E é sua própria imagem.
Ela, Menina-mulher.
“Um domingo de tarde sozinha em casa dobrei-me em dois para a frente - como em dores de parto - e vi que a menina em mim estava morrendo. Nunca esquecerei esse domingo. Para cicatrizar levou dias. E eis-me aqui. Dura, silenciosa e heróica. Sem menina dentro de mim. "
Clarice Lispector
É fundamental acreditar.
ResponderExcluirMenina MULHER,
ResponderExcluirque costuma olhar o céu.
E desejava amar e ser amada,
para em casa não precisar-se dobrar!
Beijo
Boa noite, querida amiga Keila.
ResponderExcluirA Clarice deveria estar realmente num conflito muito grande. Para não encontrar dentro de si, a criança que nunca sai de dentro de nós...
Um grande abraço.
Tenha um lindo fim de semana, cheio de paz.
oiee
ResponderExcluirflozinha conheço sim essa musica é show!!
brigadinha pela visita!!
A mulher-menina aqui fica admirando....
ResponderExcluirPS. Tá lindo teu blog, eu já disse?
A menina mulher que sou aqui, ficou sem palavras.
ResponderExcluirbacio e bom fim de semana.
Ps. Mudanças por aqui... Gostei.
a menina de vez em quando me visita...
ResponderExcluirOlá Keila...
ResponderExcluirAqui quem fala é a Ju House do cacheada e cheia de onda
eu to num projeto juntamente com minha amiga de levar adiante um sonho antigo que era falar sobre problemas
femininos, o blog seria como um disconte no cara que fez ela sofrer, e seria uma forma de ajudar alertar ou
manter a mente de outras mulheres abertas, mostrar do que o amor é feito, é a verdade nua e crua. O nosso
projeto é de tirar sarro dos acontecimentos, ao invéz de se deprimir e ocupar a mente com besteira a nossa
idéia é mostrar onde tá o erro no relacionamento na postura da mulher com a vida que está levando.
Faremos isso também em forma de vlog, que é inclusive uma forma mais rápida de divulgar, porém vamos
começar por aqui para termos umas histórias, se você tiver algum dilema, conhecer alguém que tenha,
mande-nos, dá uma olhadinha no nosso post, pode mandar anonimo mesmo pro e-mail, é melhor que invente
um nome um lugar pra vocês mesmas identificarem a história, no post ou aqui mesmo, porquê faremos
questão de responder a cada um dos e-mail's.Se quiser divulgar o blog e a idéia eu agradeceria também!
Beijos sentimentais!
A menina mulher que se entrelaçam uma a outra.
ResponderExcluirKeila, tanta saudade.
Blog de cara nova, e as palavras lindas de sempre.
A correria é grande, mas inimaginável deixar de passar aqui.
Um beijo
A menina um dia se torna mulher...beijo Lisette.
ResponderExcluirsimplesmente lindo. adoro o modo como você brinca com as palavras!
ResponderExcluirpassei para desejar uma ótima semana e dizer que tem selinho no meu blog pra você!
beijinhos colloridos
http://wwwparedescolloridas.blogspot.com/2011/04/sou-blogueiro-ganhei-selos.html
Amanda, obrigada pela visita. Como certa vez disse um conhecida, o mais fácil é desistir...
ResponderExcluirBlue, como sempre super poético. É sempre bom você por aqui. Me desculpe não ter respondido seu e-mail, mas fui lá, viu.
Amapola, Clarice pensava e sentia muito, suas crises eram constantes...rsrs
Luluzinha, obrigada pelo retorno.
Lu, tô apanhando, mas tô tentando deixar mais autêntico. Bem que dizem, que é bem mais fácil ser igual...rsrs
Obrigada, Lunna. Vocês duas: As Lu´s. São muito amadas por aqui.
Long Haired, a minha se faz tão presente que as vezes tenho que dar férias à ela.
Ju House, gostei da proposta. Tô dentro.
Sil, saudades de você. Sempre que aperta vou lá pra te ler nas citações e imagens - que tanto gosto.
Lisette, bacana é que nos tornamos uma sem abandonar a outra, né...
Faby, você é uma das flores mais preciosas do meu jardim.
1000 obrigadas!!!!!!