Atitude do Pensar

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segunda-feira, 21 de março de 2011

O dia da morte do amor


Quando um amor apenas dorme dentro de uma gaveta ou báu, ainda há esperança de vida.
Ainda há esperança.
Há vida.
O amor é forte. Lutou insistentemente. Acreditou.
Mesmo cansado, sofrido, ferido, ainda amava.
Certo dia, descobriu-se em meio a torre de babel e, finalmente percebeu sua maior fragilidade: a impossibilidade de uma comunicação entendível.
Fora tão corajoso ao longo dos anos em sua luta. Agora, era hora de ter coragem para desistir. Afinal, a morte era previsível. E em sua chegada, o amor deve apenas se render, seguindo rumo ao sepulcro.

Era fim de tarde. O céu de inicio do outono falava de despedidas. De adeus.
Dentro de mim havia um único desejo. O partir.
Ao fundo, a música de um cortejo fúnebre: Ela tinha cores de violetas e a temperatura era fria. Congelante.
Minha visão embassada conseguia enxergar ao longe o epitáfio inscrito na lápide: "Aqui jaz um Amor".
Naquele instante já não existia mais um querer falar do amor, outrora sentido. Somente choro, lamento e decepção...
Alguns insistiam em criar rumores ao redor do sepulcro. Indagavam sobre a razão da tragédia.
Seria culpa da falta de nutrientes?
Pensei com pesar: Sua morte havia de ser exatamente na mesma data em que tudo começara a alguns anos atrás?
Sim. Sua morte deu-se no mesmo dia de sua gênese. Com diferença de apenas alguns anos.
Irônico amor.
Agora, ao pobre amor restava descer à escuridão.
E em seu túmulo a chuva que nasceu das lágrimas o encontravam abaixo da terra que o cobria.
Despeço-me.
Não há mais vida. Nem esperanças. Porém, sei que a morte nesse caso será apenas temporária. Até que o amor ressuscite em outro porto.
Outro tempo. Outro eu.
Ruim de datas como sou, esta jamais esquecerei.
19 de março de 2011.
O dia da morte do amor.

6 comentários:

  1. "Amor, então,
    também, acaba?
    Não, que eu saiba.
    O que eu sei
    é que se transforma
    numa matéria-prima
    que a vida se encarrega
    de transformar em raiva.
    Ou em rima."

    Leminski. E eu.

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  2. Nossa, Keila! Estou impressionado! Até o momento, foi seu melhor post. Que texto lindo, realista, tristíssimo! É de sua autoria?

    Me identifiquei muito com seu texto. Assim q me sinto, infelizmente...

    Inté

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  3. Pois me vi na primeira parte desta bela postagem e triste!

    Beijo

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  4. Carinhosamente desejo a você uma feliz semana ,lendo sua postagem bonita mais triste
    beijos carinhos,Evanir.
    http://aviagem1.blogspot.com/

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  5. Não existe nada mais complicado que o amor, não há quem não queira morrer de amor e quem não morra de medo de amar e não ser amado, enquanto sentimento incontrolável é sempre melhor não guarda-lo escondido no peito ou numa gaveta, de qualquer forma ele sempre explode, pois é indomável, então, sofrer e chorar e correr todos os riscos se preciso for, pobre de quem nunca o viveu, e olha que existem muitos covardes pelo mundo, que preferem vidas com rédeas por de medo da selvageria que é o amor! Belo txt, tchau!

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  6. Lu, acho que ele vira porpurina...rsrs
    Falando sério, o amor não morre, mas nasce um desamor.
    Concorda?

    Poie é, Roderick. A tristeza tem dessas coisas. Nada melhor do que uma decepção para nos inspirar...rsrs
    Bem, o texto é meu sim, mas foi inspirado em outro.
    Obrigada pelo elogio.

    Blue, acredito que quem ama permite que ele utilize toda a sua força no intuito de prevalecer, mas há o momento em ele deve se render a morte, né...e o sepulcro o recebe de braços abertos, ficando em nós - os amantes -, somente um vazio.

    Obrigada pelo carinho, Evanir.
    Ela tem sido feliz!!!rsrs
    Tem até me surpreendido.

    Ah, Nicolau, não culpo o amor. Segundo minha limitada experiência em relação a ele; complicados somos nós, e, portanto o complicamos. Sendo assim, ele não o é. Mas cocordo, ele é indomável.
    Brigadin.

    Bjus, queridos!!!!

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