Atitude do Pensar
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Razão Insana
Dentro do contexto da história humana à loucura foi entendida de várias formas e, sucessivamente, a maneira de intervir em relação a ela foi sendo alterada conforme esta era entendida.
Nesse sentido, vale destacar que para Descartes "louco" era aquele que não tinha razão, isto é, pessoas que não eram capazes de tomar decisões consideradas corretas ou morais para a época.
Entre essas pessoas encontravam-se os pobres, vagabundos, prostitutas, mágicos, bruxas, alquimistas e qualquer outro ser humano que viesse comprometer a ordem social.
E, portanto, podemos constatar que ambos estavam sendo excluídos da sociedade: Os realmente loucos e os desviantes do sistema.
Ora, uma vez que tenho me aprofundado um pouco mais sobre este tema - nesse período tenho tido o prazer de ter a disciplina de saúde mental - estou mais perceptiva à presença da loucura no cotidiano das minhas relações sociais.
Chegando a conclusão de que atualmente algumas pessoas utilizam a loucura como desculpas para suas atitudes, tendendo então a vulgarização da expressão.
Posso concordar "que de médico e louco todos temos um pouco". Mas não sou a favor de se esconder por trás de uma desculpa e muito menos ainda em vulgarizar uma expressão, causando assim o resgate do estigma da loucura da era do romantismo.
Podemos ter atitudes diferentes do padrão. Porém, não é isso que nos torna louco ou não.
Considero isso como um desvio, e não uma loucura.
Entender que somos dotados de uma razão insana é assunto mais profundo do que simplesmente dizer: Sou louco!
A razão insana perspassa por um conjunto de fatores culturais, sociais, psicológicos, biológicos e até economicos.
É algo complexo e deve ser bem fundamentado.
Portanto, a banalização da expressão gera em mim repugnância já que se torna clichê.
Finalizando com a frase de H. L. Mencken utilizada por Humberto Werneck em seu livro O pai dos burros: "os clichês têm origem no "medo do desconhecido", no conforto medíocre de quem, preferindo não arriscar, se basta com fórmulas prontas. "
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Adorei esse post. Parabéns! Se me permitires, poderia publicá-lo em um dos meus blogs, obviamente, levando todos os teus créditos. Beijos
ResponderExcluirOi, baby, estou por aqui lendo e tentando (me) entender. Tinha publicado um comentário no post anterior mas parece que a net engoliu. :(
ResponderExcluirBeijos
Keila,
ResponderExcluirEu ainda fico com a opinião do meu filósofo Raul Seixas:
Mas louco é quem me diz que não é feliz!!!!
Um belo texto, assim como belo é seu blog.
Um beijo!
Hum... acho q o q vc disse, Keila, 'serve' pra mim(rs). Não é possível q vc ainda não notou q tenho a mania de me autodenominar de louco?(rs). No meu humble blog, vivo falando isso. Acabou por se tornar um clichê, ou quase isso. E olha q eu não sou chegado em clichê, apesar de ter uma exceção: uso muito a palavra 'humilde' e sempre encerro meus e-mails, missivas, com 'humildemente'. A LL é tão simpática , q ela costumava a usar três clichês, q eu adorava...
ResponderExcluirVc, Keila , já deve ter ouvido falar de um movimento surgido nos anos 60, antipsiquiatria, q chegava até ao ponto de afirmar q os loucos não passavam de seres originais, anticonvencionais...
Desde adolescente , algumas pessoas me chamam de louco. A sociedade é assim, não costuma a aceitar, a entender, os q pensam diferente.
Já q adoro música, vou dar um exemplo:
vamos supor q uma pessoa prefere um determinado disco de um artista, q é tido pela maioria como seu pior trabalho; ora, muito dirão q tal pessoa é louca, q tem m. na cabeça.
No meu caso, acho q sou anticonvencional, atípico.
Interessante q uma seguidora do meu blog uma vez disse q sou excêntrico. Depois disse q se enganou, q sou bem normal...
Beijos
KEILA,
ResponderExcluirA loucura e a sanidade são separadas por uma linha imaginária, poderia dizer – como costumam falar os psicólogos – uma linha tênue. No entanto, é tão possível conhecer loucos com mais humanidade que uma pessoa considerada sã... Mas voltemos a tal linha! Se tal linha é ultrapassada – e tanto faz se é mais para um lado ou para o outro – faz as pessoas fugirem dos “métodos habituais”.
Então, a loucura tem verdade! Mas a verdade dos loucos, que em sua maioria, foram identificados na história como verdadeiros gênios. E a sanidade também tem a sua verdade, mas não tem destaque.
Amei o post e voume tornar sua seguidora!!
Meu carinho!
http://pequenocaminho.blogspot.com
Obrigada Tânia. Sinto-me verdadeiramente lisonjeada. Fui lá te conhecer um pouquinho e já estou encantada. Fique a vontade aqui e com o texto.
ResponderExcluirAbraços fraternos,
K.
Ah, não, Lu. Fiquei curiosa e furiosa. Hã!rsrs
Hoje deu aquela vontade de ouvir Bethania, passei por Gal e pra mim ela cantou "baby", impossível não lembrar de você. Inclusive, peguei a mania de falar baby com você.
Super abraços apertados.
Sil, que delícia você por aqui. Tenho passeado pelo seu blog e já estou me sentindo bem a vontade. Seja vem vinda!
Ah, Raul, sempre tem razão!!!
Bju,
K.
Meu querido amigo, Roderick - te chamo assim devido a grande estima que sinto por você -, acho que não fui capaz de perceber essa fala em você, mas considero-o um "desviante", ou como você preferir: "...anticonvencional, atípico.."
e ao mesmo tempo contraditório - o que gosto bastante -, pois mesmo sendo um tanto misantropo não deixa de ser sensível e de certa forma comunicativo.
Bju,
K.
Audrey, concordo com tudo o que disse, inclusive, em postagens anteriores citei algumas coisas a respeito desta linha. Aliás, minha curiosidade sobre o tema surgiu dessa constatação: a existência de uma linha tênue entre a razão e a loucura.
Assisti um filme francês incrível que aborda essa temática "A outra", longa metragem de Patrick Mario Bernard e Pierre Trividic.
Obrigada pela visita.
Bju,
K.
Uma dessas fórmulas prontas é a famosa máxima " não vivo sem meu terapeuta"
ResponderExcluirComo não, cara pálida?
Tira teu dinheiro e vc vai viver tranquilamente sem seu amado terapeuta. Vai recorrer no máximo a um copo de pinga por 1 real.
Não estou menosprezando pois acho fundamental que as pessoas se conheçam melhor e façam de fato um acompanhamento com alguém externo aos seus problemas. O que eu não gosto é a banalização do tratamento.
"algumas pessoas utilizam a loucura como desculpas para suas atitudes, tendendo então a vulgarização da expressão." -> concordo plenamente.
Sempre brinco com a loucura e também acho que todos temos um quê de anormal. Mas vivemos assim, temos vida social, amigos..falamos isso da boca para fora, falamos até mesmo com ares de humor.
Acho triste quem se apóia nisso para não viver. Quem faz da própria loucura clichê um par de muletas. Essa loucura que muitos sofrem eu simplesmente chamaria de falta de coragem, só isso.
bjinhos!
(Já viu Estamira? É muito bom para tratar do assunto também. Um dos melhores documentários que já vi.)