Atitude do Pensar
sábado, 11 de dezembro de 2010
Ela e não eu
Era tarde de sábado. 37 Cº. Próximo ao morro do papagaio. Caminho para Nova Lima. Lá estava ela. Já havia visto, mas alguém disse: Olha um macaquinho. Não pude deixar de pensar: A associação realizada era pela sua atitude ou pela sua cor? Preferi deixar de pensar. Mas não pude evitar.
Devia ter no máximo 7 anos, mas pela vida que talvez tenha possa ser mais velha. Não sei. Também não pude deixar de lembrar de um tempo aonde crianças parecidas com ela vazia parte constante da minha vida. Isso era um padrão. Mas o que via naquele instante era padrão?
Novamente não sei.
Era tarde de sol, ela atravessando a avenida. Isso não deveria ser incomum. Mas era. Subiu na grade da passarela, preferiu não atravessar entre os carros, mas arriscou-se a agarrar-se nas pilastras até alcançar a calçada da passarela.
Sim, deve ter sido sua atitude que fez com que a moça a chamasse de macaquinho.
Mas não pudia deixar de olhar e ao mesmo tempo observar as palavras que surgiam das pessoas que também a observavam. Cadê a mãe dela? Indagou uma.
Será que ela comeu? Pensou eu.
Será que ele tem mãe?
Será que ela está fugindo de algo?
Não sei.
Ela irá morrer, é muito perigoso. Disse alguém.
Sim, ela está mais suscetível a morte, pensei. Mas não pela sua atitude, mas pela falta de oportunidade de ser, de existir.
De viver.
Fim de noite de sábado, já havia chegado em casa.
Mas não pude deixar de pensar na macaquinha. Qual será seu nome? E isso importa?
Para mim sim.
Podem existir milhares.
Posso ter me acostumado a está realidade por ter vivido perto delas, mas isso não é normal.
A desigualdade não é normal.
É anormal.
Fim de noite de sábado.
Chorei.
Por ela e por mim.
Eu triste.
Por ela e por mim.
Não nego minha dor, mas existe outras dores.
A minha não é a maior. É apenas minha.
Mas existem outras dores.
Sábado. 22:00.
Não sei quantos graus.
Eu dentro de casa, acolhida. Alimentada.
E ela?
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Situações assim me deixam sem palavras. E com um enorme frio n'alma.
ResponderExcluirÉ Lú, nada melhor do que um choque de realidade para acordar.
ResponderExcluirAs vezes isso é mais do que necessário.
Ainda bem que resta-nos sensibilidade para isso.
Bju!